A soja (Glycine max), é amplamente cultivada no mundo, principalmente pela capacidade de produção de proteína e óleo, e pelo uso dessas matérias-primas nos segmentos de alimentação humana e animal, bem como no uso industrial. Devido ao seu valor económico, ocorreram investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. O seu aprimoramento pode resultar em uma mudança na estrutura da economia tanto dos produtores como do país em geral (Janeque, et al, 2021; INE, 2018).

Em Moçambique, a produção de soja é feita, maioritariamente, por pequenos produtores, cujo crescimento e a comercialização são impulsionados pela indústria avícola nacional na medida em que o farelo da soja é utilizado como ração para os animais, sendo o custo do frango representado por 34% somente da soja. O objectivo deste documento é de apresentar informação sobre a cultura de soja.

PRODUÇÃO DE SOJA NO MUNDO

A produção de soja é extremamente atractiva, no agronegócio é considerado uma aposta menos arriscada, pois é um dos produtos agrícolas mais rentáveis porque produz mais proteínas por hectare do que qualquer outro produto (Neumann, 2020).

Segundo a FAOSTAT, no ano de 2019, os cinco maiores produtores de soja no mundo foram: Brasil (114.269.392 toneladas), seguido dos Estados Unidos da América (96.793.180 toneladas), Argentina (55.263.891 toneladas) e China (15.728.776 toneladas).

Nos países africanos, a produção de soja em 2019 foi liderada pela África do Sul, com um total produzido de 1.170.345 toneladas, seguido da Nigéria com 630.000 toneladas e Zâmbia com 281.389 toneladas (FAOSTAT).

PRODUÇÃO DE SOJA EM MOÇAMBIQUE

De acordo com o MADER (2020), os dados históricos da produção dos últimos cinco anos mostram que o país teve uma tendência crescente na produção, em que no ano de 2019 (correspondente a campanha agrária 2018/2019) a produção foi de 48.500 toneladas, já para o ano de 2020 foi de 51.000 toneladas (Figura 1). No estudo publicado pela TECHNOSERVE (2017), dá indicação que a produtividade média anual variou de 0,85 toneladas por ha em 2010 a 1,26 toneladas por ha em 2016. Estes valores estão muito abaixo daquilo que é obtido nos países maior produtores da cultura de soja, como o caso do Brasil, que em 2020 obteve uma produtividade de 3.379 Kg/ha e produção de 124.845 milhões de toneladas, destacando-se como o maior produtor do grão (CONAB, 2020).

UTILIZAÇÃO DA SOJA

Os grãos da soja podem ser utilizados na alimentação humana, além de ser matéria-prima para a produção de farelo e óleo. O farelo é um ingrediente importante para a nutrição animal. Além do uso em rações, também é encontrado em produtos não alimentícios como, por exemplo, cola para madeira. E o óleo tem grande importância na produção de produtos para cozinha (óleo, margarina e sorvete), medicamentos e biodiesel (Inoue, 2019). Outro subproduto da soja é o leite de soja, ou seja, extrato hidrossolúvel de soja, tem gosto e adstringência característicos e tem praticamente a mesma quantidade de proteínas que o leite de vaca (Gondin, 2019) .

A soja é considerada um alimento funcional porque além de funções nutricionais básicas, produz efeitos benéficos à saúde, reduzindo os riscos de algumas doenças crónicas e degenerativas. É um dos alimentos mais ricos em proteína que se conhece. A farinha de soja desengordurada, por exemplo, é muito utilizada no enriquecimento protéico de pães, bolachas, tortas e todo o tipo de confeitaria. Pelas suas características funcionais e por possuir um teor de proteína elevado, o isolado protéico de soja é muito utilizado no fabrico de produtos substitutos da carne (Sindimilho & Soja, 2021).

Dada a sua multifuncionalidade, a soja é um elemento fundamental para o crescimento da avicultura, da pecuária e de outros segmentos que podem surgir. O primeiro alimento comercial de soja conhecido na África foi uma farinha de soja trazida para a África do Sul, em 1937, por uma empresa moageira, que se destinava a fortalecer as dietas dos trabalhadores das empresas mineiras (Janeque, et al., 2021 apud Rubaihayo, 1969).

COMERCIALIZAÇÃO DA SOJA EM MOÇAMBIQUE

Neumann (2020) refere que apesar do país possuir custos de logística mais acessíveis para os principais mercados consumidores, como a China por exemplo, conta com uma boa estrutura portuária, mas que ainda precisa avançar com investimentos logísticos, principalmente em rodovias e acessos para melhor o escoamento da produção. Os desafios das empresas do agronegócio em Moçambique, ainda vão além, como por exemplo, o mercado não regulamentado que torna a especulação na comercialização um problema.

O mercado de soja mundial é liderado pelos Estados unidos, seguido do Brasil e Argentina, sendo os EUA destacando-se na exportação de grãos, o Brasil na exportação de grãos, farelo e óleo e a Argentina exportação de farelo e óleo somente. Até ao dia 07 de Abril de 2021, os principais países exportadores estavam a vender a soja a grosso ao preço que varia de 0,51 a 0,58 dólares americanos por cada quilograma, o que corresponde a 30,35 a 34,52 MZN/Kg ao câmbio de 59,51 MZN